2020 NO DIVÃ

Adentrou o espaço desconfiado. Num canto viu 2019, isolado… No outro, 2021 quase acordado… Pela hora secretária convidado, à sua sala foi direcionado…

 Sentado de lado, despreocupado,

O tempo terapeuta, olhar ocupado,

Via cenas do futuro e do passado…

Procurou o divã, para si arrumado,

Foram 11 sessões, num rito sagrado,

Àquele ritual estava acostumado…

 …No divã recostado, por um breve minuto, um olho semicerrado, o outro fechado, lembrou-se de como tinha até àquele momento chegado…

 Absorto, agora ele de costas virado

Abriu os olhos, sobressaltado,

Ouviu o tempo dizer com cuidado:

– Para a despedida já está preparado?

 …Reticente… Inspirou e expirou como o terapeuta havia ensinado. Levantou-se desajeitado, secou o rosto por lágrimas molhado, olhou o terapeuta ainda sentado, respirou mais uma vez… Ficou calado…

 Mal conseguiu dizer ‘muito obrigado’!

Na primeira sessão teria se justificado…

Na décima segunda veio o aprendizado:

Pelo passado é inútil sentir-se culpado…

 Na sala ao lado, outra hora secretária havia chegado… Seu lugar na história estava reservado… 2020 sabia que seria sempre lembrado…

 No divã, já devidamente higienizado,

Num indo e vindo, o tempo ritmado,

Via 2020 cada vez mais no passado,

E o futuro 2021 um tanto quanto assustado,

Com o Cartão de Vacina, ainda guardado… 

 

SÉRIE: LIVRO- O DESVELAR DA POESIA

ESTEVAM MATIAZZI- 31 DE DEZEMBRO DE 2020

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27 comentários

  1. Sensacional! E que, tudo tendo passado em 2020, cheguemos ao 2021 com cartãobem carimbado para a vacina que poderá nos liberar!ADOREI! abração, tuuuuuuudo de bom,chica

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    • Olá Chica, muito obrigado por seu comentário e presença… Coincidentemente, enquanto comentava aqui eu comentava lá no seu post sobre o natal.. Despertastes em mim uma memória natalina que futuramente transformar-se-á em soneto… Abraço fraterno.

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  2. Há muito necessitamos divã. Confesso que sonhei – foi sonho mesmo – que 2020 com tudo o que está sendo vivido seria um salto de qualidade humana e coletiva. Há sim caminhos nesse sentido, não há como “negar”, todavia os que “negam” a realidade são dominantes com uma narrativa absurda e desumana. Mas, já disse que sou de uma geração que acredita na utopia então junto com consciência e olho para o 2021 que logo vai abrir a porta e sinto que a imunidade está dentro de cada um que olha a vida com sentido e significado, conscientes do tempo em que vivemos. O divã? Bom, quem sabe os que negam a vida possam fazer uso dele. Abraço e feliz natal pra ti, tua família com um sonho que de repente se torna realidade…

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    • Ler seus comentários é sempre um aprendizado Fernando, e, sua presença é sempre uma alegria. Já que não temos como evitar o divã, que este seja pelo menos confortável.
      Paz e Bem!
      Fraterno abraço.

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  3. Incrível, Estevam!
    2020 foi o ano mais rápido e mais demorado da minha vida (e acredito que de muita gente também). Nem eu sei explicar essa contradição, mas é o que sinto.
    Tenho muita fé que ano que vem será melhor e que logo toda essa loucura será apenas lembrança no passado. 🌺

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    • Sempre a gratidão por sua presença Depois a esperança de que vamos sair dessa. Mas, em meio a tantas incompreensões e falta de altruísmo, um divã bem confortável será necessário para momentos de apaziguamento.
      Agraciadas celebrações natalinas para ti e família. 🌹🌺🌹

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        • Com um tom bastante lúdico, o texto nos coloca lado a lado com o eu lírico para retirarmos alguns momentos de relaxamento, lendo o texto em prosa poética.
          A poesia nos oportuniza, ela abre esse espaço considerável.
          Ela funciona como o próprio terapeuta no texto em questão.
          O que há de melhor ,neste brinquedo poético, é que 2020 ensina e em 2021 será a diplomação do aprendido, pois 2021, catarticamente, traz a vacina.
          A terapia da palavra é sempre um folguedo sublime, que venha 2021, doutor!

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          • Recostado no divã de 2020, já vejo o de 2021 sendo preparado para as sessões vindouras… Obrigado, Márcia, por tão bem interpretar o que ludicamente tentei expressar… Gostei de saber que sem querer escrevi uma prosa poética… Quem sabe agora sabendo como se faz eu me arrisque mais…

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