PLANTAR árvores, TER filhos, ESCREVER livros (22 a 24 anos).

A juventude bateu à porta,

mas a adolescência não a deixou entrar: 

A Vida Religiosa me atraía,

mas, um vazio interior me traia…  

O Sentido da Vida não era assim,

um caminho tão fácil de encontrar…

Árvores: outras eu iria plantar?

Filhos: novamente eu queria ter? 

Livros: seria muito difícil escrever!

O sentido da vida parecia me escapar…

Voltara eu pra periferia da periferia:

quando não estava desempregado,

subempregos evitavam a barriga vazia…

  Office boy, repositor em supermercado,

garçom, servente de pedreiro,

cobrador de Ônibus e bilheteiro:

nunca foi fácil ser um pobre brasileiro!

Estudos mais uma vez adiados: 

ler jornais me mantinha atualizado…

Os primeiros poemas foram rascunhados,

alguns se perderam, outros ainda serão publicados… 

Eu lia Roberto Drummond, Frei Betto,

Affonso Romano de Sant’Anna, Tostão,

e em meio às dificuldades pra sobreviver,

sonhava com os livros que iria escrever, 

mesmo quando me faltava até o pão…

Filhos? Que sentido teria em os ter?

Sozinho já estava difícil a vida manter!

Mal resolvido financeira e emocionalmente,

quando os namoros começavam a engatar, 

eu logo dava um jeito de me afastar… 

 

SÉRIE: AUTOBIOGRAFIA POÉTICA

ESTEVAM MATIAZZI- 26/05/2023

PS: Memórias de 22 a 24 anos. Escolhi não seguir na Vida Religiosa. A mudança foi drástica e dramática. Desemprego, subemprego e até uma leve e breve insegurança alimentar. Foram 2 anos em que permaneci morando em Santos Dumont, marcados na maioria das vezes por uma angústia existencial e uma consequente baixa perspectiva de futuro. Em certos momentos, algumas pessoas como Luiza Garcia, Dona Conceição e Dona Sebastiana, ajudaram a evitar que eu passasse fome. 

Foto de 1996. Eu e Vanda (in memorian), colega de trabalho na Rodoviária de Santos Dumont-MG, quando eu trabalhava como bilheteiro para uma Empresa de ônibus.

10 comentários

  1. O Fernando já disse tudo sobre a tua história de vida.
    Eu só queria acrescentar uma coisa. O que no Brasil e alguns países subdesenvolvidos chamam de subempregos tem o seu valor. Alguns anos atrás eu vi um vídeo que nada se falava, eram só imagens sobre o mundo sem as pessoas dos “subempregos”. Era um caos! Eu vou tentar achar esse vídeo. Acho que era um vídeo alemão. E a diferença é que esses trabalhos são melhores remunerados na Europa do Norte.

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