Dia dos pais, há quase cinco meses sem encontrá-lo devido à pandemia da Covid-19, publico este poema em homenagem ao meu pai, João Estevam. Nele descrevo como o rádio, em especial a Rádio Itatiaia[1]aqui de Belo Horizonte, contribuiu para estreitar nossa relação desde os meus 5 anos de idade…
Nos idos de minha primeira infância,
Menino curioso ouvia à distância,
Meu pai em silêncio, na sombra,
Da luz de lamparina a iluminar
Radinho potente de pilha
A vida a embalar…
Nos idos de minha segunda infância,
Menino esperto ouvia a esperança
Meu pai atento, sentado na sala.
À luz do lampião a clarear
Rádio enorme, de pilha
A vida a embalar…
Nos idos de minha pré-adolescência,
Garoto sonhador ouvia na inocência
Com meu pai, já nos anos oitenta
Nossos sonhos a espalhar
No rádio ainda de pilha
A vida a embalar…
Nos anos de minha rápida adolescência,
Garoto ávido por novas experiências,
Com meu pai, ouvia o noticiário
À espera do gol para vibrar
Nas ondas do moto rádio
A vida a embalar…
No início de minha antecipada fase adulta,
Jovem esperançoso, no mundo à procura.
Ouvia, no seminário, às escondidas.
Muitos dos sonhos a realizar
Walkman portátil de pilha,
A vida a embalar…
No auge da minha esperada fase adulta,
Jovem em crise em meio às dúvidas
Ouvia baixo, ainda no seminário.
No interior de Minas a morar
O mesmo walkman portátil,
A vida a embalar…
Nas voltas da vida, o tempo roda a girar
Homem de cabelos brancos, a sonhar
Hoje ouço na tela, aqui em Beagá
Também meu pai, na sua sala
As vozes, gritos a viajar
A vida a embalar…
Beagá capital de Minas, terra de liberdade
Com mais cabelos brancos e maturidade
Voz deste estúdio pelo ar se espraia
Pelo potente microfone, Itatiaia
Sonho de pai e filho a realizar
A vida a embalar…
Nas nossas vidas, Itatiaia, Rádio de Minas
Guarda entre pai e filho, versos e Rimas
Os gols, os sonhos, a vida a embalar
No estúdio, na tela, no celular
Vozes que não podem calar
Por Minas viajam pelo ar!
ESTEVAM MATIAZZI- 08 DE AGOSTO DE 2020
Quem lê meus poemas sabe que meu pai não teve a oportunidade de aprender a ler e escrever, mas, muito fez para que eu e meus irmãos estudássemos. Por isso, a declamação é, principalmente, para ele, mas, também para todas as pessoas, que não tiveram o direito sagrado da alfabetização, sem, portanto, conseguirem minimamente ler… (Ouçam e se inscrevam no meu canal do youtube).
[1] A foto que acompanha o poema foi tirada em 2018, no estúdio da Rádio Itatiaia, quando meu pai (João Estevam) fez 68 anos de idade. Por intermédio do Jornalista Eduardo Costa, ( a quem agradeço) fiz uma surpresa para meu pai. Ele veio de Barbacena, pensando que era para uma consulta, quando na verdade, eu o levei para assistir ao vivo o programa Turma do Bate Bola (programa que ele mais gosta e ouve desde criança) apresentado pelo Diretor/Presidente da Rádio, Emmanuel Carneiro, ao lado de meu pai na foto. (Na foto: Emmanuel Carneiro, João, meu pai, Clara, minha mãe, eu e meu irmão, Márcio.
Esses momentos familiares são marcantes.
Bonita surpresa que você preparou para o seu pai.
Abraços
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Ele ficou muito emocionado. Homem mineiro, tímido, mas bom de prosa, não se intimidou, se deixassem teria falado no microfone da Rádio ao vivo…
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Tomara que o reencontro seja breve. Linda sua família, Estevam! Feliz da dos pais 🌻
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Tem os mesmos defeitos de quase toda família, que, aliás, apenas mudam de endereço, mas, posso garantir que as virtudes são muito maiores e ativais… ótima semana. obrigado.
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Bela surpresa Estevam… lindo e cheio de emoção. Feliz Dia dos Pais para vocês. Abraços. Bom domingo 🙏🏻
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De fato, foi emocionante… Até hoje meu pai se emociona só de ver a foto… Agora então ao ouvir a declamação!
Obrigado e ótima semana Bia.
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Belíssima homenagem! Parabéns pelo do dos pais. Abraço
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Meu pai que sempre foi de esconder as emoções não se conteve desta feita. Obrigado, Geraldo e ótima semana.
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E não é para menos… uma viagem ao passado em forma de poema. De emocionar mesmo. Ótima semana.
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Para sexta-feira o poema já está pronto. O desafio está de pé 😇😇
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Que bela homenagem! Como esse mundo precisa de bons filhos! Saiba que você homenageou meu pai também, quem não teve todas as oportunidades que eu tive, quem me deu ninho e abriu caminhos… fiquei emocionada! Obrigada.
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Sempre é muito agrada ler seus comentários por aqui Cris. Além da costumeira sensibilidade, sua presença é sempre generosa e sei o quanto consegues ler nas entrelinhas… Muito obrigado, e, fico muito feliz, que esta homenagem tão intimista para meu pai tenha chegado aos corações de filhos e filhas que viram nela a oportunidade de também homenagear seus pais com histórias muito similares… Paz e Bem!
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Retificando: Sempre muito agradável…
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li comovido. muitas lembranças chegaram feito tempestade e ao mesmo tempo uma leveza que também chegou trazendo paz. muito bonito e feliz o post e abraça a toda a tua amorosa família. muito obrigado!
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Olá Fernando. Os escritos sobre minha família, é uma tentativa de registrar algo que nunca foi feito por ninguém na família, nem de meu pai, nem de minha mãe… Meus antepassados, praticamente, todos, eram analfabetos ou semianalfabetos… E, ainda, hoje, não conheço quem queira registrar nossa história. Então, vamos lá, fazer isso, por meio da escrita poética… Fraterno abraço, meu caro.
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Esse texto é uma homenagem ao pai que gerou o filho em todo sentido.
Estevam, homem sensível, conhece que a instrução é muito diferente da sabedoria.
O pai, aniversariante querido, reconhece as letras ,todavia sobre a vida, sobre como encaminhar o filho, ele é especialista.
No texto ,percebe- se a presença de companheiros eternos: pai e filho de mãos dadas.
O rádio, meu companheiro de sempre, aparece no poema, criando em mim,por meio do texto, uma semelhança de história, de vida.
Nós, brasileiros lutadores, sabemos o que é criar filhos, instruir os rebentos.
Esse texto trouxe de volta os meus avós, que como o pai do Estevam nos educaram com a sabedoria, com o olhar de condor, colocando a nós outros,homens e mulheres no mundo com dignidade e valorizando a sabedoria antes da instrução .
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Emocionante comentário, Márcia. Gosto muito dos comentários quando percebo que o poema despertou memórias afetivas/familiares, iguais a este seu… Isto prova que a poesia tem o poder de nos levar numa viagem que só nossas mentes e corações são capazes de levar. Obrigado, Márcia.
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Engraçado, quando comento acessando o link que coloca no Facebook o comentário não vem para aqui. Estou fazendo algo errado
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Uai… Não sabia deste detalhe… Será só com você…. Sempre que vejo seus poemas no face, confesso que curto lá, leio e comento no Blog. Acho mais intimista no Blog. O importante é sua leitura e presença.
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Os pais são sempre importantes em nossas vidas…mas já parou para pensar que nosso amor por eles, o entender o amor deles, se modifica muito quando somos pais? Só uma reflexão…
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Refletindo: imagino que depende da experiência pessoal. Eu, por diversos motivos, criei uma relação filial com meu pai muito forte. Até mais do que com minha mãe. Talvez, por isso, não tenha percebido tanta diferença assim… Já meu pai para com o netinho caçula dele, Emmanuel, que dengo!
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O amor aos pais aumenta quando somos pais. Entendemos e sentimos na pele o que é amor materno/paterno.
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👋👋👋
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Saudações
Cara é lindo a dedicatória ao seu pai é notável o amor expressado em palavras…
Parabéns pelo post sensacional sucesso!
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Olá Leandro, muito obrigado por sua presença, leitura e comentário. Percebestes bem: minha relação com meu pai sempre foi muito forte. Paz e Bem!
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