TRAVESSIA na PANDEMIA

Nas rosas dos tempos

Guimarães Rosa, menino ainda

Absorto em seus pensamentos

Miguilim, criança vívida

Similar às rosas, belezas efêmeras

Vidas (des) respeitadas, intensas

Vidas que se vão quais rosas nos ventos

Nas rosas dos ventos

Guimarães Rosa, criança sabida

Imagens de olhares atentos

Diadorim, amor de toda vida

Similar às rosas, belezas ternas

Vidas (des) encontradas, eternas

Vidas que se esvaem nas voltas dos tempos

Rosas dos ventos nos tempos

Guimarães Rosa, de Cordisburgo

Palavras criadas além dos textos

Levadas do Sertão para o mundo

Similar às rosas, belezas imensas

Vidas (re) contadas, tensas e densas

Vidas que se negam a cair no esquecimento

Rosas dos tempos nos ventos

Guimarães Rosa, da cidade do coração

Saga criada nos movimentos

Intensos a passar pela estação

Similar aos trilhos, pedras, espinhos

Vidas (re) encontradas, nos caminhos

Vidas inscritas nas veredas do tempo

Rosas em versos e prosas

Sábia vida vivida em suas asas

Se o perigo é viver, vivamos com sabedoria

Vidas em perigo nestes tempos de pandemia

Nos convidam a espalhar esperança e poesia

Guimarães Rosa, suas eternas palavras

Nos inspiram à busca nesta travessia… 

SÉRIE: POESIA da PANDEMIA

ESTEVAM MATIAZZI- 31/07/2020

PS1: Aqui em Minas Gerais, popularmente, se diz em períodos difíceis, que ‘vivemos tempos bicudos’. Nestes tempos de pandemia, isto me lembrou de algumas frases do Grande escritor mineiro Guimarães Rosa[1], como: “Viver é muito perigoso, porque aprender a viver é que é o viver mesmo”, e,  “Quem elegeu a busca não pode recusar a travessia”, para adaptar este poema escrito por mim há quase dois anos. 

[1] Entre 27 de julho e 1º de agosto de 2020, aconteceu a 32ª Semana Roseana. Este ano de forma virtual. Por isso, adaptei meu poema, Rosas dos tempos, Rosas dos ventos’, inspirado na obra do escritor para estes tempos em que vivemos. Este poema faz parte da 5ª Antologia da Confraria dos Poetas. 

23 comentários

  1. Lindo Estevam 👏🏻👏🏻. Sábias palavras “Vidas em perigo nestes tempos de pandemia”… que todos tenhamos paciência. Tempo de novos aprendizados… em breve colheremos muitas rosas 🌹. Abraços. Bom final de semana.

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  2. Rosas que exalam perfumes, nas asas dos colobris que voam na imensidão azul , no colorido de um arco -iris de cores nas planícies e montanhas e desfiladeiros sempre há rosas que encantam. nos manuscritos dos poetas. transformam em poesia. Parabéns pelo poema. Um abraço fraterno do poeta Carvoeiro.

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    • Ao ler o texto, tive uma sensação de amor muito profunda.
      É de muita erudição fazer um intertexto com Guimarães em tempos de Pandemia, pois alerta e pacifica a quem lê , porque demonstra que estamos, na Pandemia, atravessando um período e a certeza de que vai passar.
      Só mesmo um coração puro e intelectual, para fazer essa metáfora de consolo, tão singular.
      Esse poema deixa a gente em reflexão sobre as durezas da vida, mas também da brevidade que têm.
      Assim sendo,fica claro que o prevalece é a aprendizagem, é a História.
      Gratidão é o que sinto por poder vivenciar esse amor pela palavra poética que sempre é a divindade roçando a nossa pele.😍

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      • Oh, Márcia, muito mais do que erudição é uma ousadia fazer um intertexto com Guimarães, mas, como viver é perigoso, então, ousar vez ou outra, faz parte do perigo… Muito obrigado. Paz e Bem, para atravessarmos esta pandemia…

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  3. Que gostoso de ler Estevan. Guimarães Rosa sempre me encanta, este ano reli Grande Sertão: Veredas, e é sempre uma viagem em um universo literário muito próprio e particular, mas ao mesmo tempo um sertão tão conhecido de nós mineiros. Gostei muito! Abraço

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  4. Guimarães Rosa deixou registrado para a posteridade nossa história e memória… Obrigado Geraldo.
    Em tempo: eu e Alda estamos em conversa para organizar nosso sarau virtual. Devagar e sempre… 😀😀

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    • Ontem eu e Geraldo nós desafiamos a escrever um poema cada sobre “deixar-nos levar” pela poesia…Tu acabou de ajudar a completar a inspiração para a escrita com teu comentário… Obrigado.

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