ENTRE LAMAS e CHAMAS III

Ainda nem restauramos:

a Catedral com mais de 800 anos…

Ainda sequer sondamos:

sua origem que vem dos templos romanos…

Ainda nem contabilizamos:

a revolta huguenote que lhe deixou danos…

Ainda não contamos:

toda a história iluminista e seus planos…

Qual a razão de se prestar cultos profanos,

aos conhecimentos meramente humanos?

Ainda ignoramos a África e seus dramas!

Países inundados por água e lamas!

Ainda usamos retóricas ufanas!

Fazemos política de formas tiranas!

 Oramos com nossas práticas puritanas!

Ainda assim, as muitas tragédias humanas,

multiplicam-se pelas terras africanas!

Ainda vertemos lágrimas:

pelas chamas nas torres góticas…

Notre-Dame derrubada sem máquinas,

milhares de pessoas estáticas,

entoam Ave Maria juntas… Erráticas!

Tragédias humanas e históricas,

misturam-se às ruínas querigmáticas…

Ainda sequer lemos as páginas,

por Victor Hugo escritas tão paradigmáticas…

 Ainda choramos o Museu Nacional!

 Mariana e Brumadinho ainda fazem funeral!

Ciclone na África pode até ser natural!

Idai é o nome do ciclone tropical:

                         Mas, e daí, abandonar estas pessoas é normal?

A cada tragédia socioambiental,

a cada desolação por chamas ou lamaçal,

a cada destruição em nome do capital,

mais do que restaurar uma histórica Catedral,

precisamos reinventar o ser humano: eis o ideal!

 

SÉRIE: POÉTICA PROFÉTICA

ESTEVAM MATIAZZI- 15/05/2019

PS 1: Em novembro de 2018, quando escrevi entre Lamas e Chamas não imaginei chegar ao Entre Lamas e Chamas III… Mas, da África de Moçambique, Malaue e Zimbábue à Paris de Notre Dame, ao Rio de Janeiro do Museu Nacional e do CT de futebol, das Minas Gerais de Brumadinho e Mariana... A humanidade está em perigo… E, parece querer levar o planeta junto…