O MAR VERMELHO de MINAS

 Por entre as serras mineiras,

Tanto baixas quanto altaneiras

Em direção ao mar... serpeia…

Um ‘mar de águas vermelhas’.

O ‘mar vermelho’ de Minas

É um Rio… um Rio de doçura

Mas, que para suas vítimas,

Foi transformado em amargura

Por impiedosas mineradoras

Com suas práticas destruidoras!

Quantos sonhos abortados!

Quantos recursos eliminados!

Quanto lucro acumulado!

Quanto descaso revelado!

Oh, BHP, Vale e Samarco

Entre tantos sofrimentos e dores,

Mataram peixes, aves e sapos,

Pela falta de seus predadores,

Disseminaram moscas e mosquitos

Com suas doenças de alto risco.

Ressuscitaram a febre amarela,

E todos os males advindos dela…

Fortaleceram o Aedes e suas sequelas.

Haja vacinas para tantas mazelas!

Oh, poderosos, como sois insensatos!

Seguem o exemplo do Faraó do Egito.

Hoje vitimam homens e macacos,

Suas próprias vidas estão em perigo.

O ‘mar já está vermelho’….

Que surjam outros Moisés,

Para combater tantos Ramsés!

 

SÉRIE: PO-ÉTICA PROF-ÉTICA

ESTEVAM MATIAZZI- 05/11/2021

PS: 6 anos da tragédia da Vale/Samarco na mina de Fundão em Bento Rodrigues, distrito de Mariana-Minas Gerais, sem as devidas providências e respostas das autoridades. 

Assista ao clip da música ‘Cacimba de mágoa’ na interpretação de Gabriel Pensador e do grupo Fala Mansa. 

21 comentários

      • Neste texto comovente, o mundo- Minas Gerais- aparece como um mar de lama vermelha que provoca no eu lírico um sem sentido, um desalinhamento .A priori,o eu busca uma compreensão impossível, que está para além das coisas.
        Ele busca o ideal de viver sem capitalismo, de viver de arte e pura e tropeça num mar de lama vermelha ,
        na simbologia da cor vermelha.
        Após a destruição de Minas, busca-se o que restou, as marcas que permanecem diante da desolação, essas marcas perduram na existência e resistem de maneira precária à ação do tempo, ao sentimento de injustiça, à necessidade de compartilhamento da dor : ” um mar de águas vermelhas”, ” o mar vermelho de Minas”, esse horror que parece ser esquecido, mas que o poeta insiste em denunciar.
        Poeta,” haja vacinas para tantas mazelas, neste mar da lamas, chamado Brasil.

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  1. Meu caro Daniel… na condição de um entusiasta da poesia, leio-o no seu blog, e sei da qualidade de suas poesias… você, na condição de poeta, sabes que pela poesia tentamos dizer o indizível… não esmoreceremos… obrigado pela leitura. Fraterno abraço.

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  2. Que todas as famílias atingidas exijam indenização vultosa; caso tenha morrido apenas uma galinha, exijam vultosa indenização; sua propriedade foi invadida em apenas alguns centímetros ou o caminho para chegar até lá foi, ainda que minimamente, dificultado exijam indenização grande.
    Isso pagará o valor das vítimas? Infelizmente não, vidas não tem preço; muito menos trará de volta tantos entes queridos…
    Como sabemos que pessoas nada valem para as grandes empresas, que elas sejam atingidas no único ponto que lhes é sensível: o bolso. A situação só vai mudar quando a irresponsabilidade começar a custar caro, muito caro para as empresas…

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