Há 36 anos ouço a expressão: ‘o gigante acordou’, referindo-se à mobilização do povo brasileiro… Diretas já… ‘Cara-pintadas’… ‘Movimentos de 2013’… ‘bate- panelas de 2015-16’… Parece-me que esse ‘gigante’ vive numa eterna insônia… E esta, não se restringe aos quase 200 anos de independência…
Nos idos da década de oitenta,
Na inocência da pré-adolescência,
Menino sonhador de Barbacena,
Numa TV sem cores, pequena,
Na voz forte de Cid Moreira
Assisti o anúncio das ‘Diretas Já’…
Na escola e reuniões da Igreja,
Nas aulas e cantos de ‘assim seja”,
A população cansada de tanta peleja,
Como uma flor que pela manhã viceja,
Via a mudança com tanta certeza,
Nos comícios das ‘Diretas Já’…
Nos programas de TV e das rádios,
Nos bares, nas ruas, nos estádios,
Nas músicas, nos shows de rock,
Nas revistas e em todos os jornais,
O que se via e ouvia, em várias vozes,
Era que finalmente, o ‘gigante acordara’…
Já no início dos anos noventa,
Nos primeiros anos da adolescência,
Cid Moreira com a voz da experiência,
Anunciava sério os ‘cara-pintadas’;
O ‘gigante acordado’ a massa revoltada,
Gritava ‘fora caçador de marajás’…
Nas mudanças de moedas e de planos,
A população após tantos desenganos,
Sentiu na saída do presidente alagoano,
Que o ‘gigante despertara’ do sono;
A partir de então, não haveria mais engano,
Bastaria eleger um ‘sociólogo tucano’…
No êxtase da estabilidade do ‘plano real’,
O ‘gigante ligado’ ao seu ‘cordão umbilical’
Deitou em seu ‘berço esplêndido’, sem igual;
Satisfeito com mais duas copas no futebol,
Alçou vôo para a estrela de ares celestial,
Crente que havia alcançado o mundo ideal…
Nas decepções recorrentes com a seleção,
Chegou a abrir os olhos, mas sem reação;
Assistiu a compra de votos para a reeleição,
Todo o espetáculo midiático do mensalão,
Na disseminação apartidária da corrupção,
Até as malas com bilhões do ‘petrolão’…
Nos últimos anos a crise que o país enfrenta,
Com a seleção ‘estacionada’ no penta,
A voz de Bonner, em especial, para a‘renca’
Chegou a anunciar de maneira esplêndida,
Que o ‘gigante’, ou seja, a população sedenta
Despertara da ‘insônia’ sua maior doença…
Hoje, já na casa dos ‘enta’, não creio mais
Nas vozes de TVs, rádios, revistas e jornais;
Os lapsos na ‘insônia do gigante’, são sazonais;
Barulho de panelas nas varandas dos maiorais,
Provocado por ‘movimentos’ meramente virtuais;
Que logo se esvaziam quais ‘patos infláveis’…
ESTEVAMATIAZZI- SETEMBRO DE 2019
Apenas um comentário, nunca me preocupou as vozes do maus, apenas o silêncio e inacção dos bons. O povo idólatra mentirosos, corruptos e ladrões, na verdade elege o seu reflexo.
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Obrigado pela sua leitura e comentário meu caro amigo poeta Alberto. S
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Sem dúvidas, Alberto. Contudo, um povo também pode ser enganado por tanto tempo, que sequer consegue distinguir quando está sendo enganado ou não…
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Parabéns, Estevan!
penso, nas minhas reflexões, que o estado de hipnose e sonambulismo são próximos e semelhantes…dai que a insônia é um estado desperto, sem sono e sem sonho (ou ilusão).
Em mim seu poema repercutiu assim: “A hipnose do gigante.” ( brasileiro)
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É isto meu amigo…sua interpretação complementa o que tentei descrever poeticamente… hipnose. alucinação, ópio, insônia, sonambulismo, enfim… que honra sua visita, leitura e comentário…
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Ô pátria amada, idolatrada SALVE, SALVE…
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Olá Cris… sempre bom tê-la por aqui…sua sensibilidade feminina e poética, faz sempre bem a quem a lê… salve, salve… Paz e Bem!
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Quem dera o sono do gigante trouxesse sonhos de alegria e esperança…
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Pois meu amigo. Parece sempre trazer mais pesadelos…
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Nosso país, que amo! Com toda sua beleza, riqueza, pobreza, diversidade…espoliado há anos por inescrupulosos de todos os lugares. Espero que um dia todos nós possamos realmente acordar e fazer a nossa parte, o que em muito já ajudará nossa nação.
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É Paula… parafraseando um amigo: não está tão ruim que não possa piorar… É preciso vigilância, por falar em insônia. Obrigado pela leitura e retorno sempre sensatos.
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